sábado, 29 de outubro de 2011

Gavião Caramujeiro


Uma das aves mais chamativas da planície pantaneira, observada em praticamente qualquer brejo ou alagado da região. A característica mais marcante é o longo, fino e recurvado bico, especializado em arrancar o músculo dos grandes caramujos aquáticos, fixador do animal no fundo da concha. Depois, deixa cair a concha e come o animal em pousos tradicionais; o chão abaixo fica coalhado dessas conchas. Além do caramujo, alimenta-se do caranguejo de água doce do Pantanal, o mesmo usado para isca na pesca de linha. Quando há redução natural da oferta de caramujos, os caranguejos são mais caçados.
O macho é todo negro, com uma grande mancha branca na base da cauda negra e uma estreita ponta branca na mesma (foto). Seus pés e pele nua ao redor dos olhos, bem como esses últimos, são vermelhos (intensidade esmaecida fora do período reprodutivo). A fêmea é escura, com barras e pontos mais claros misturados na plumagem, em especial no ventre. A mancha branca da base da cauda é idêntica à do macho. O juvenil é semelhante à fêmea, exceto pela cor amarronzada da íris (foto), enquanto a área nua próxima ao olho é amarelada ou avermelhada como no macho. Um macho juvenil leva 4 anos para adquirir a plumagem adulta. Nesse período, a plumagem possui uma mescla de características dos dois sexos.
É um gavião muito sociável, congregando-se em pousos noturnos, onde até centenas chegam a passar a noite (origem do nome específico - sociabilis). No clarear do dia, dirigem-se em grupos para seus poleiros de caçada, ali mantendo-se afastado dos outros. Localizam o caramujo quando esse vem à superfície respirar ou os caranguejos por seus movimentos. Em um rápido vôo, apanham a presa e retornam ao pouso para processá-la. No final do dia, voltam para o pouso de dormida em grupos pequenos, chegando no escurecer. Nessas horas, é possível ver a silhueta característica, com a cauda levemente bifurcada. Esse deslocamento é lento, com batidas pausadas e contínuas das asas.
Seu gregarismo continua mesmo na reprodução, formando colônias nos juncais sobre a água. Os ninhos ficam a pouca altura da água e a centímetros uns dos outros. No Pantanal, ainda não foram localizados ninhais e, em setembro/outubro, bandos de dezenas são observados nas correntes de ar quente viajando para o sul. Retornam em abril/maio. Possivelmente, as aves pantaneiras reproduzem-se no norte da Argentina, sul do Brasil e Uruguai, onde são conhecidos vários ninhais nos banhados. Ficariam no Pantanal os exemplares não reprodutores. Na subida das águas, as presas ficam mais esparsas e, exceto pelo ambiente artificial das margens das rodovias, torna-se uma espécie de difícil observação. Ao longo das estradas no interior da planície, é comum vê-los pousados nos moirões de cerca e árvores próximas às margens.
Na estação seca, é observado em todos os brejos e alagados com água da RPPN, bem como nos braços remansosos dos corixos. Ao ser assustado, levanta vôo e emite seu grito característico, como uma risada baixa e contínua. Quando chega ao pouso, pela manhã, dá o mesmo grito.
Fonte:http://www.avespantanal.com.br/paginas/41.htm

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